Intersexo: o que é e o que não é

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Introdução ao tema Intersexo

Intersexo é um termo coloquial do que é formalmente chamado de Distúrbios da Diferenciação Sexual (DDS). De acordo com o psiquiatra Karl Benzio em um artigo publicado no Today’s Christian Doctor em 2015: “Intersexo - pessoas que têm uma anatomia que tipicamente não é considerada masculina ou feminina, ou uma anatomia que não condiz com o sexo genético XX ou XY. A maioria procura cuidados médicos porque profissionais da saúde ou os pais percebem algo incomum sobre seus corpos, seja puberdade ou fertilidade anormal; mas muitos casos não são descobertos até a morte/autópsia.” 

 

O termo “intersexo” leva a questões ideológicas, por isso é necessário ter clareza quanto ao assunto. Um DDS significa concretamente um problema médico que é objetivo e definível. Nós não podemos confundir uma condição com identidade. O projeto de lei 201 de 2019 da Assembléia da Califórnia comete claramente esse tipo de erro na seção 2295(a)(2): “Pessoas intersexuais são parte da diversidade do nosso estado que deve ser celebrada, ao invés de uma aberração a ser corrigida.” Isso é tanto um argumento simplista e falho como uma direção errada porque uma condição médica é algo que se tem, não que se é. Celebre a pessoa sim, mas reconheça o distúrbio da diferenciação sexual daquela pessoa, que pode ou não precisar de correção. 

 

Sexo

O sexo é algo objetivo, identificável e uma biologia imutável, portanto, dentro do domínio da ciência. O sexo biológico é estabelecido na concepção, declarado no útero, e reconhecido ou não no nascimento. Toda célula nucleada em nossos corpos tem um sexo. Existem apenas dois gametas, esperma e óvulo, que participam na geração de uma nova vida. Não há um terceiro gameta ativo nesse processo. As diferenças entre os sexos são reais e de consequência. Mais de 6.500 genes compartilhados são expressos de maneiras diferentes em homens e mulheres. Essas diferenças impactam nossos cérebros; sistemas de órgãos; propensão de desenvolver certas doenças; reações diferentes a drogas, toxinas e dor; processos cognitivos e emocionais com altos contrastes; comportamento; e mais. Para citar um exemplo, o solatol (fármaco utilizado como bloqueador beta, antiarrítmico e antianginoso) tem a probabilidade triplicada de provocar Torsades de pointes (do francês "torções das pontas" - fenômeno identificado no eletrocardiograma como um tipo de arritmia ventricular polimórfica rara que pode causar morte súbita cardíaca) em mulheres do que em homens. O sexo importa.

 

Gênero

Gênero é um termo engenhado que supostamente foi lançado na literatura acadêmica em 1955 em um artigo abordando “hermafroditismo” (a maneira que esta questão era conhecida na época) pelo psiquiatra Dr. John Money da John Hopkins University. (Dr. Money terminaria em desonra com o passar do tempo, mas eu discordo.) A identidade de gênero se refere à autopercepção e sentimentos que são subjetivos e propensos a mudar. Gênero é frequentemente usado como um estereótipo sexual. Eis o meu ponto: os substantivos têm gênero; as pessoas têm um sexo. 

 

Intersexo (2ª parte)

A nomenclatura “intersexo” reconhece algo entre dois sexos, e não um terceiro sexo. O termo é intersexo e não “extrassexo,” reconhecendo assim a natureza binária do sexo humano. O sexo biológico raramente é pouco claro fenotipicamente em um indivíduo, mas isso não quer dizer que exista um terceiro.

O biólogo evolucionário Colin Wright rejeita o mantra de que o “sexo é um espectro” com um raciocínio claro: “um espectro implica uma distribuição contínua, e talvez até amodal (uma em que um resultado específico não é mais provável de acontecer do que outros). Entretanto, o sexo biológico em humanos é claramente definido em mais de 99,98% das vezes.” Dr. Wright continua, “qualquer método exibindo uma exatidão de mais de 99,98% o colocaria entre os métodos mais precisos de todas as ciências da vida. Nós revisamos cuidados médicos e mudamos os planos econômicos do mundo em casos de muito menos precisão e confiança do que esse.” 

 

Intersexo/DDS Não é Disforia de Gênero ou Transidentificação

Intersexo não é uma ideia subjetiva. Há sempre uma origem médica objetiva subjacente. Os critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders que passou a ser conhecido como DSM-5 Disforia de Gênero afirma: “Especifique caso: Com um distúrbio do desenvolvimento sexual (ex: um distúrbio adrenogenital congênito como 255.2 [E25.0], hiperplasia adrenal congênita ou 259.50 [E34.50] Síndrome de insensibilidade androgênica).” Eles querem dizer com isso intersexo, e que é diferente de disforia de gênero. 

 

Intersexo/DDS é Raro 

Existem afirmações altamente exageradas sobre a prevalência de DDS serem comuns, porém isso é falso. Dr. Leonard Sax expôs a fonte de alguns exemplos disso em seu artigo, “How common is intersex”. Dr. Sax escreve que Anne Fausto-Sterling afirmou em seu livro no ano 2000, Sexing the Body: Gender Politics and the Construction of Sexuality, que o interssexo acontece em 1.7% dos nascimentos humanos. No entanto, Sax mostra que Sterling incluiu em seus cálculos condições comuns que não têm nada a ver com DDS. Dr. Sax ressalta que a hiperplasia adrenal congênita e a síndrome completa de insensibilidade androgênica são os DDS mais comuns que se encaixam com as especificações do DSM-5 Disforia de Gênero previamente citadas. Dr. Sax conclui que DDS/Intersexo, “longe de ser ‘um fenômeno relativamente comum’ é, na verdade, um evento raro, ocorrendo em menos de dois a cada 10.000 nascimentos.” 

De forma parecida, em 1992, um estudo Dinamarquês descobriu que a taxa da “síndrome de feminização testicular” é 1:20.400. Em 2001, um estudo Holandês declarou que a taxa de síndrome de insensibilidade androgênica com prova molecular do diagnóstico é 1:99.000. E em 2016 um estudo Dinamarquês que examinou todas as mulheres nascidas desde 1960 com o cariótipo 46XY (síndrome da insensibilidade androgênica) encontrou a prevalência de 6.4 por 100.000 mulheres nascidas. Intersexo/DDS é algo raro. 

 

Conclusão

Um distúrbio de diferenciação sexual/intersexo significa uniformemente a presença de um problema médico definível, objetivo e subjacente. Intersexo é uma condição - um problema que alguém tem - mas não é uma identidade ou um terceiro sexo. O intersexo/DDS representa condições raras que requerem abordagens terapêuticas altamente individualizadas, não uma solução geral.

Reproduzido com permissão da Christian Medical & Dental Associations.

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