Três maneiras de estimular o tráfico sexual

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TRÁFICO SEXUAL...

Quando a maioria de nós ouve o termo “tráfico humano”, tende a imaginar uma criança pequena, sequestrada, algemada a um radiador, trancada em um quarto em algum lugar. Se você for como eu e tiver nascido nos anos 80, pode até pensar em “O Homem do Saco”.

Quando digo às pessoas que sou uma sobrevivente do tráfico humano, elas tendem a dizer: “Ah, como no filme Busca Implacável?” Porque eu PRECISO ter sido puxada por uma perna por debaixo da cama para ser forçada a me prostituir.

Embora esses cenários possam ocorrer, essa não é a forma mais COMUM de tráfico aqui nos Estados Unidos. O tráfico tem um aspecto muito diferente de acordo com a cultura e a comunidade em que você vive. A aparência nos bares de karaokê da Tailândia ou do Camboja é muito diferente da aparência na Nigéria, do que nas ruas da cidade de Nova York, nas cantinas de Houston ou nas casas de massagem ilícitas da Califórnia. De acordo com o Projeto Polaris, existem, na verdade, 25 tipos diferentes de tráfico somente nos Estados Unidos e, se continuarmos a imaginar apenas uma forma, a partir de um único filme, sempre erraremos.

Portanto, a pergunta é... se não estamos identificando o tráfico, isso significa que o estamos alimentando? Aqui estão três maneiras pelas quais você pode, sem saber, estar perpetuando o tráfico sexual:

1. GLAMOURIZAÇÃO DO SEXO COMERCIAL

Para glamourizar o sexo comercial, primeiro precisamos definir o sexo comercial: Pornografia, dança exótica, prostituição. A maioria delas explora seres humanos e os transforma em objetos para venda ou uso pessoal.

Glamourizar essas indústrias só alimenta o estigma de que o uso de pessoas é aceitável, o que incentiva a demanda, e não preciso explicar o que é oferta e demanda, certo?

Como podemos glamourizar isso? Bem, porque glamouroso é definido como “charmoso, fascinantemente atraente, especial de uma forma misteriosa, cheio de emoção e aventura.”

Se homens ou mulheres retratarem o setor do sexo como qualquer um dos itens acima, você pode estar alimentando a percepção equivocada que mantém o setor atraente – e em qualquer lugar em que haja uma oportunidade de ganhar dinheiro, a corrupção virá.

2. ADOÇÃO DE "NORMAS CULTURAIS"

Não é engraçado, legal ou normal se vestir como um “cafetão e uma prostituta” no Halloween, ou usar termos como “cafetão” ao descrever algo. Os cafetões espancam e vendem mulheres e crianças, isso não é legal nem engraçado. Quando eu era traficada, víamos as meninas se vestirem como em Las Vegas, como uma “garota do trabalho”, e nosso traficante usava isso como uma oportunidade para nos vender uma falsa sensação de empoderamento. Ele dizia: “Veja, essas garotas querem ser como você.”

Não é normal ir a um clube de striptease no seu aniversário de 18 anos ou participar de uma despedida de solteiro com “prostitutas” e “strippers” na sua comemoração pré-casamento (agradeça ao sucesso de bilheteria “Se Beber Não Case”). De alguma forma, em nossa cultura americana, esses itens se tornaram padrão, esperados e normais.

Pais, quando vocês viram o rosto e pensam “Oh, os meninos estão sendo meninos” ou dizem à sua filha que “É apenas o que está na moda agora”, vocês estão enchendo a mente dos seus filhos de que a glamourização desses setores é perfeitamente aceitável.

É preciso ter em mente o seguinte: as crianças têm uma vida muito difícil hoje em dia. O que costumava ser considerado “pornografia soft core (nudez, sexo e cenas sexualmente sugestivas)” agora é a mídia principal, estampada em todos os outdoors, vitrines de shopping centers e comerciais. Meninos e meninas de quatro e cinco anos de idade estão sendo expostos à pornografia soft core com frequência e, se não acharmos que haverá algum tipo de consequência a longo prazo do “sexo à venda”, estaremos sendo ingênuos. Vamos tomar a iniciativa de conversar com nossos filhos sobre essas questões e não ignorar quando virmos algo que não esteja de acordo com a hipersexualidade.

 

3. USO DE TERMOS PEJORATIVOS

Sempre que ouço o termo “prostituta”, eu me encolho; e “vadia” é uma palavra horrível no meu mundo. Ainda mais terrível é quando usada como adjetivo para descrever uma criança: Prostituta infantil ou prostituta adolescente.

Isso é percebido não apenas quando as pessoas falam, mas muito na mídia. Se quisermos fazer uma mudança, quando lermos ou ouvirmos esse termo ser usado, podemos corrigir a pessoa simplesmente dizendo algo como: “Você quer dizer crianças prostituídas? Vítimas de tráfico ou prostituição forçada?” Você pode até se sentir motivado a enviar um e-mail para esse jornalista, repórter ou estação/jornal para ajudar a enxergar o problema em vez de colocar a culpa na vítima – porque as crianças não podem consentir e a prostituta não é uma pessoa qualquer, geralmente é uma situação em que elas são forçadas.

Na maioria dos esforços de combate ao tráfico, ele tende a ser visto como um “problema de mulher.” Já falei em eventos aos quais os pais não comparecem porque “eles têm filhos.” Não apenas os meninos podem ser vítimas de exploração, mas, ainda mais estatisticamente falando, os homens são os compradores número 1 de sexo. Se você aceita e ri junto com seus filhos sobre aquela “prostituta adolescente” ou quando seu filho descreve seu novo telefone como sendo de “cafetão”, você está estabelecendo o padrão que pode levar seu filho a ser um comprador. Vamos mudar a cultura, vamos estar mais conscientes de como podemos estabelecer o padrão em nossos lares e conversar com nossos filhos sobre o envolvimento com a hipersexualidade e onde começa a normalização do sexo comercial!